Mais uma proposta de redação sai do forno.
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Como reduzir o aumento de casos de AIDS no Brasil?
texto i:
BRASIL
TEVE AUMENTO DE 11% NOS CASOS DE INFECÇÕES POR HIV ENTRE 2005 E 2013
País está na contramão da
tendência de queda de mortes e contaminação pela doença, segundo relatório da
Unaids
Unaids acredita que ações promovidas nos próximos cinco anos mudam
panorama da doença nos próximos 15 anos - Aijaz Rahi / AP
Em queda em quase todo o mundo, a
taxa de novas infecções pelo vírus da Aids teve aceleração de 11% entre 2005 e
2013 no Brasil, revela o relatório “The Gap Report”, do Programa Conjunto
das Nações Unidas HIV/Aids (Unaids), divulgado ontem. No planeta — onde o
total de pessoas infectadas está estável em cerca de 35 milhões —, houve diminuição
de 28% no número de novos casos. O resultado é puxado pelo recuo em regiões
críticas para a epidemia, como a África Subsaariana, onde a redução nas novas
infecções chegou a 33%. Fora do continente africano, alertam membros da agência
da ONU, a expansão do HIV ocorre impulsionada pela contaminação de indivíduos
de grupos vulneráveis, sobretudo homens que fazem sexo com homens. O fenômeno
inclui o Brasil.
Para Luiz Loures,
diretor-executivo adjunto do Unaids, há uma “nova onda” da doença:
— Nos países onde há avanço da
epidemia, o crescimento é sobretudo entre os homens gays. Principalmente os
jovens — afirma Loures. — É como se estivéssemos voltando no tempo, à epidemia
que vimos nos anos 1980. Há uma contradição, já que esses grupos foram
justamente os que começaram a mobilização em torno do combate.
CAI USO DE PRESERVATIVOS
Entre os motivos relacionados a
esse crescimento, ele lista a discriminação, que dificulta o acesso a
serviços médicos, e a redução no uso de preservativos, estimulada pela falsa
ilusão de que a epidemia acabou. Loures também cita uma mudança de agenda
do movimento LGBT, que teria se voltado mais às questões de direitos civis,
afastando parcialmente a doença de sua pauta.
— O que me preocupa é chegar ao
fim da epidemia deixando muita gente para trás, como os gays. A doença tem de
acabar para todos — afirma Loures, para quem a recomendação de que todos os
homens que fazem sexo com homens usem antirretrovirais como forma de prevenção,
feita pela Organização Mundial de Saúde semana passada, não resolve o problema.
Georgiana Braga-Orillard,
diretora do Unaids no Brasil, chama atenção para a necessidade de renovar as
campanhas de prevenção no país.
— O Brasil se enquadra entre os
países que deram uma resposta cedo à doença A maioria deles teve uma queda no
início da epidemia e, agora, um aumento. Há uma certa fadiga das pessoas vendo
as mesmas mensagens sobre o tema há anos — avalia. — Os jovens não estão usando
preservativos, principalmente os homens que fazem sexo com homens.
A expansão da taxa de novos casos
não é exclusividade brasileira. O Chile teve um aumento ainda mais expressivo,
de 31%. Já na América Latina como um todo, houve leve queda, de 3%. Em países
como Filipinas e Paquistão, o avanço da doença chegou aos três dígitos, de 425%
e 338%, respectivamente.
Com 200 milhões de habitantes, o
Brasil concentrava, em 2013, 2% dos casos de HIV no mundo e 47% das ocorrências
na América Latina. Ainda de acordo com o estudo do Unaids, o país registrou
aumento de 7% nos casos de morte relacionadas à Aids entre 2005 e 2013. No
entanto, mais de 40% da população infectada no país têm acesso a
antirretrovirais.
Em nota, o Ministério da Saúde
reconheceu a importância de atenção à prevenção, tratamento e diagnóstico dos
casos. E sustentou que “a taxa de detecção de Aids no país está estabilizada em
20 casos a cada 100 mil habitantes, o que representa cerca de 39 mil casos
novos da doença ao ano”. Atualmente, segundo o ministério, estima-se que 750
mil pessoas vivam com HIV e Aids no país, sendo que 123 mil desconhecem essa
sua situação. O órgão lista ações desenvolvidas, como a alta de 40% no número
de pessoas iniciando o tratamento com antirretrovirais no primeiro semestre
deste ano, em comparação com o mesmo período de 2013. Segundo o texto, entre
2005 e 2013, o Brasil mais que dobrou o total de pessoas em tratamento: de 165
mil para 353 mil.
— Recebemos o documento com muita
tranquilidade, os dados não nos chocaram. Eles são consistentes com os boletins
do ministério — diz Fábio Mesquita, diretor do Departamento de DST, Aids e
Hepatites Virais do Ministério da Saúde. — Os dados do Brasil são proporcionais
ao crescimento da população.
Membros de ONGs voltadas ao
combate à doença, no entanto, criticam as políticas públicas conduzidas pelo
ministério. Para Salvador Correa, da equipe de coordenação da Associação
Brasileira Interdisciplinar de AIDS (Abia), o governo não tem conversado com a
sociedade civil:
— Há uma necessidade de
repolitizar o enfrentamento à epidemia. Tivemos alguns avanços, sobretudo no
campo biomédico, mas isso acaba esbarrando em uma falta do diálogo com a
sociedade. O governo tem lançado novas formas de combate, mas é necessário que
o indivíduo opine sobre essas estratégias, que incluem de distribuição de
camisinhas ao tipo de tratamento.
QUESTÃO RELIGIOSA ATRAPALHARIA
Jaime Marcelo Pereira,
representante da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com Aids/HIV, aponta as assimetrias
regionais das políticas públicas:
— Atualmente, a atenção é
desigual nas regiões. Os municípios e os estados têm percepções diferentes
sobre a política de saúde para Aids. Muitos prefeitos, por exemplo, não
investem por questões pessoais ou religiosas.
O relatório divulgado ontem pelo
Unaids descreve perspectivas para frear a doença. Segundo a agência, o controle
da epidemia poderá ocorrer até 2030. Assim, o mundo evitaria 18 milhões de
novas infecções pelo HIV e 11,2 milhões de mortes relacionadas à Aids, segundo
a agência. Desde o primeiro boom no número de casos, na década
de 1980, 49 milhões dos 78 milhões de infectados morreram. O relatório informa
que US$ 19,1 bilhões foram investidos globalmente para combater a doença em
2013 e estima que serão necessários entre US$ 22 bilhões e US$ 24 bilhões para
2015.
Texto II
http://padretelmofigueiredo.blogspot.com.br/2014/07/a-i-d-s-cai-infeccao-no-mundo-mas.html ( Acessado em 12/10/2014)